sábado, 3 de novembro de 2012

Construção da Linha 18 do Metrô exige retirada de quase 1.400 árvores

15/10/2012 - DIário do Grande ABC

O orçamento previsto para a implantação da linha é de R$ 4,1 bilhões, sendo que em abril o governo federal anunciou repasse de R$ 1,7 bilhão para a obra, que deverá ficar pronta no fim de 2016

Fábio Munhoz

A construção do monotrilho da Linha 18-Bronze do Metrô deverá exigir a retirada de 1.382 árvores. As informações constam no Eia/Rima (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) da obra. A quantidade total equivale a quase 70 exemplares suprimidos por quilômetro. O número pode ser modificado depois da conclusão do projeto executivo, prevista para o início do ano que vem. O traçado terá 20 quilômetros e ligará São Bernardo à Estação Tamanduateí do Metrô, na Capital.

Apesar do número elevado, o documento, elaborado pela empresa Walm Engenharia e Tecnologia Ambiental, informa que nenhuma espécie ameaçada de extinção será retirada. "A supressão não apresenta relevância, por serem espécies nativas, exóticas, comuns e usadas com fins paisagísticos", explica o relatório.

Para mitigar o impacto ambiental, a empresa recomenda ao Metrô o replantio de árvores de maior significância ecológica em áreas próximas ao traçado da linha. Como compensação, a sugestão é que seja plantada vegetação no entorno da Biblioteca Monteiro Lobato, no Centro de São Bernardo, e na Praça dos Andarilhos, em São Caetano.

Para o professor do curso de Engenharia Ambiental da Fundação Santo André Murilo Valle, o número de exemplares retirados não é alarmante, já que a vegetação não está concentrada. "No campus da Fundação, por exemplo, tem cerca de 2.000 árvores. Se o desmatamento fosse todo ali, seria algo grave", compara. Valle alerta, no entanto, que o estudo para a compensação tem que ser bem feito, de forma a minimizar o impacto. "Muitas vezes, o poder público tem mania de replantar em locais distantes, na Serra do Mar, por exemplo. Se a supressão foi aqui, tem que recompor aqui."

O advogado ambientalista Virgílio Alcides de Farias avalia que o principal risco é o de aumentar as ocupações nas áreas de mananciais. "Essa é uma obra de infraestrutura que vai atrair novos moradores e induzir ainda mais os loteamentos em locais preservados. O setor imobiliário vai adorar isso", critica.

Outro risco apontado no relatório é o de alteração na qualidade das águas superficiais e de assoreamento dos corpos hídricos em função do uso de produtos químicos durante a obra e, posteriormente, na operação da linha.

Desapropriações

A previsão inicial é que 203 mil metros quadrados de propriedades sejam desapropriados pela obra. As áreas foram divididas em 17 blocos, e não em imóveis individuais. O Eia/Rima aponta que "diversos imóveis passíveis de desapropriação são usados como estacionamentos ou edifícios subutilizados".

Entre os locais que poderão ceder espaço à linha estão parte dos terrenos dos campi da Fundação Santo André e Instituto de Engenharia Mauá, além do estacionamento de um auto shopping no Rudge Ramos, em São Bernardo. O número total de desapropriações pode ser alterado depois da conclusão do projeto executivo. As obras do primeiro lote estão previstas para começar em junho de 2013.

Traçado será acompanhado por ciclovias

Todo o trajeto de 20 quilômetros da Linha 18-Bronze do Metrô será acompanhado longitudinalmente por ciclovias ou ciclofaixas, que ficarão embaixo das estruturas elevadas do monotrilho. As 19 estações terão bicicletários. Nos terminais Tamanduateí e Alvarenga e na Estação Ferrazópolis, as garagens terão capacidade para pelo menos 100 bicicletas.

Nas demais paradas, os bicicletários terão capacidade mínima de 50 bicicletas, além de equipamentos de apoio, como suporte e bombas de ar comprimido.

As estações ficarão a uma distância média de 1.156 metros entre si. As plataformas terão 75 metros, o que equivale ao tamanho do trem, com capacidade para 850 pessoas.

Três pátios para estacionamento e manutenção das composições serão construídos, sendo o principal no Tamanduateí, em área de 49,6 mil metros quadrados. O segundo será na outra extremidade da linha, no cruzamento da Estrada dos Alvarenga com a Avenida Presidente João Café Filho. Em área de 15,4 mil metros quadrados, o local favorecerá a operação no início dos períodos.

Outro estacionamento será anexo à Estação Fundação Santo André, e terá capacidade para três trens enfileirados. O pátio, praticamente no meio do trajeto, será importante para o recolhimento de composições com defeito.

O cronograma prevê que a implantação da primeira fase - entre Tamanduateí e o Paço de São Bernardo - tenha início em junho do ano que vem e termine em dezembro de 2015. A segunda etapa deve ser implantada entre maio de 2015 e dezembro de 2016.

O monotrilho passará também por Santo André e São Caetano, mas a maior demanda virá de São Bernardo. Dos 340 mil passageiros esperados para embarcar na linha diariamente, 189,7 mil deverão sair da cidade, o equivalente a 55,8% do total. Cerca de 38,3% virão de integração com o Metrô em São Paulo. As estações com maior demanda deverão ser Ferrazópolis, Alvarenga e Afonsina.

Construção irá gerar 3.000 empregos; para operação, serão 1.500 postos

Cerca de 3.000 empregos serão criados durante a construção da Linha 18-Bronze do Metrô, entre funcionários diretos e terceirizados. Para a operação, a mão-de-obra necessária será de 1.500 trabalhadores, aproximadamente. Estão incluídos funcionários da área técnica, administrativos, manutenção, limpeza e vigilância.

O orçamento previsto para a implantação da linha é de R$ 4,1 bilhões, sendo que em abril o governo federal anunciou repasse de R$ 1,7 bilhão para a obra, que deverá ficar pronta no fim de 2016. No mês que vem, o Metrô definirá o modelo da PPP (Parceria Público-Privada) para construção do monotrilho. Quatro empresas e consórcios enviaram propostas técnicas e aguardam definição.

Antes da escolha do traçado em direção ao Tamanduateí pelas avenidas Faria Lima, Lauro Gomes, Guido Aliberti e Presidente Wilson, foram estudados outros percursos. Entre as possibilidades estava a de a linha se conectar ao Metrô subterrâneo nas estações São Judas (Linha 1-Azul) e Sacomã (Linha 2-Verde). Os itinerários, no entanto, não iriam atender aos municípios de Santo André e São Caetano.

Fonte: Do Diário do Grande ABC

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