segunda-feira, 16 de julho de 2012

Superlotação já faz Metrô desistir de criar estacionamentos nas estações

15/07/2012 - O Estado de São Paulo

As seis unidades do programa E-Fácil foram abertas em 2009 e 2010; das quatro garagens prometidas depois, só saiu uma ampliação

O Metrô desistiu, pelo menos por ora, de ampliar o número de estacionamentos integrados com as estações da rede, o programa E-Fácil. Oficialmente, a empresa diz que o projeto ainda está em estudos preliminares - a promessa de 2009 era de que as novas unidades seriam entregues em 2010. Técnicos da companhia dizem que, dada a superlotação da rede, oferecer esse serviço deixou de ser uma prioridade.

A vantagem do E-Fácil para o usuário é o preço. Por valores que não passam de R$ 12,10 por 12 horas, o motorista deixa o carro em um dos estacionamentos do programa e ganha direito à passagem de ida e de volta no metrô - por meio de um bilhete único especial, que permite até a integração tarifária com os ônibus da rede municipal. Há também a economia de tempo que o metrô proporciona frente ao trânsito.

“Eu trabalho no centro (de São Paulo), estudo em São Bernardo do Campo e moro em Diadema. Só o estacionamento perto do meu trabalho, na Rua Xavier de Toledo, é R$ 400 por mês. Aqui, além de mais barato, a viagem fica mais ou menos meia hora mais rápida”, conta o projetista civil Filipe Costa Feitosa, de 22 anos, usuário do E-Fácil da Estação Santos-Imigrantes, da Linha 2-Verde, na zona sul.

Por outro lado, há a superlotação do metrô, que repele uma parcela dos moradores da cidade que já possuem automóvel. O entendimento da companhia, segundo técnicos, é de que só depois de a rede ser aumentada e ficar menos cheia é que esse estímulo extra para atrair passageiros poderá ser retomado.

Os seis estacionamentos existentes do programa foram inaugurados entre 2009 e 2010. Dos quatro locais novos prometidos pelo Metrô depois disso, apenas um foi feito - e não é um estacionamento “novo”, mas sim a ampliação de um dos estacionamentos que já existia, na Estação Santos-Imigrantes, da Linha 2-Verde, na zona sul. Faltam as Estações João Bosco, da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), e Belém e Tamanduateí do Metrô.

Na resposta oficial sobre o atraso da ampliação do programa, a Companhia do Metropolitano de São Paulo informa, em nota, que “existem estudos preliminares para analisar se há demanda para a implementação de estacionamentos próximos às demais estações citadas”. A dúvida sobre a procura pode ser justificada pela análise dos números de ocupação dessas garagens.

As Estações Corinthians-Itaquera, Santos-Imigrantes, do Metrô, e Guaianases, da CPTM, fora do centro expandido da capital paulista (ou, no caso da Imigrantes, encravada em uma das rotas de acesso à cidade) tem a lotação média diária acima do número de vagas existentes nelas. Em Itaquera, são 350 carros por dia disputando 257 vagas e em Santos-Imigrantes, são 315 carros e 241 vagas.

Vazias. Já nas estações da região central, a procura é muito menor: na Estação Bresser-Mooca, a média é de 17 usuários nas 195 vagas existentes naquele espaço, enquanto na Estação Brás há apenas 65 carros por dia ocupando as 195 vagas existentes.

O Metrô não quis dar detalhes sobre o motivo de uma promessa feita em 2010 ainda estar na fase de estudos “preliminares”. Mas informou que a função da companhia é oferecer um “transporte de massa”. Segundo a assessoria de imprensa do Metrô, a criação de estacionamentos está condicionada à existência de terrenos para abrigar as paradas e ao interesse de empresas privadas em explorar o serviço.

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